Artigo por Diego Wagner*
Eu sei o que você está pensando caro amigo: “NÃO DEUS, NÃO OUTRO POST FALANDO QUE MINHA STARTUP DEVE RESOLVER UM PROBLEMA REAL DO MERCADO!” Fique tranquilo, eu também ouvi suas preces e não vou chover no molhado dentro desse tema, mas podemos abordar a pergunta “What is the problem?” de dois outros ângulos e fazer com que as respostas ajudem sua empresa a crescer e superar seus desafios.
A primeira forma de pensar nessa questão é definir se o seu produto é um analgésico ou uma vitamina para o mercado. Li sobre essa analogia em um ótimo livro chamado Hooked: How to build habit-forming products, e é de fato um exercício muito válido que desmistifica um pouco o fato de que seu produto deve obrigatoriamente resolver um problema real do mercado.
Se o seu produto for um analgésico, quer dizer que ele resolve uma dor atual e latente de um nicho de mercado, e esse tipo de solução costuma ter rápida aceitação das pessoas, afinal irá resolver um problema que elas normalmente enxergam que possuem. Ao desenvolver um produto com essas características, seu objetivo deve ser entender a fundo o problema que deseja atacar, e passar de forma absurdamente clara o porque sua empresa é a mais indicada para solucionar a dor do potencial cliente.
Já uma vitamina não resolve um problema, ela é apenas um aditivo que pode causar um efeito positivo através de seu uso. Pessoas compram analgésicos por questões racionais (diminuir uma dor) e compram vitaminas por razões emocionais (melhorar o fator X em suas vidas). Então se em sua análise você perceber que está desenvolvendo uma vitamina, não tente abordar o mercado falando que resolve uma dor dele, pois as pessoas não irão reconhecer que possuem esse problema sobre o qual você está falando. Nesse caso, seu trabalho como empreendedor é descobrir como inserir sua vitamina na rotina dos clientes, de forma que ela seja parte importante dela e que sua falte cause desconforto ou perda de eficiência por parte deles (exatamente o que o Red Bull conseguiu fazer comigo, pois apesar de não precisar bebê-lo, sinto como se perdesse produtividade se não abro uma lata a cada manhã).
E o que é melhor: desenvolver um produto analgésico ou vitamina? Apesar de analgésicos terem adoção mais rápida pelo mercado, a resposta é que não existe melhor opção. O que você precisa fazer é definir um tópico pelo qual é apaixonado, descobrir se está desenvolvendo um analgésico ou uma vitamina, e atacar o mercado de forma coerente com sua escolha (analgésicos precisam resolver um problema de forma clara, vitaminas precisam se fundir à uma parte da rotina de seus usuários).
Finalmente, a segunda forma de pensar na questão “What is the problem?” é analisar constantemente se os problemas internos da sua empresa sobre os quais você está martelando a cabeça para encontrar soluções, são realmente as pedras no sapato que estão impedindo a organização de alcançar seus objetivos.
Money Ball, filme cuja foto capa desse artigo deriva, tem uma cena que retrata isso com perfeição. Enquanto os olheiros de um famoso time de Baseball americano tentam substituir 3 jogadores perdidos, o personagem de Brad Pitt pergunta repetidas vezes: “qual é o problema?”. Os olheiros acham que o problema é encontrar novos bons jogadores, enquanto ele sabe que a verdadeira questão é descobrir como um time que tem 30 milhões de dólares de orçamento anual pode vencer um campeonato onde compete com times com 100 milhões de dólares de orçamento. E esses são problemas BEM diferentes.
É muito comum ver empreendedores buscando soluções complexas para os problemas errados, e a consequência é desperdício de tempo, dinheiro e o não cumprimento de metas. Grandes empreendedores compartilham de duas características: eles conseguem visualizar os problemas reais de suas empresas e tem capacidade para bolar soluções criativas para eles. Comece desenvolvendo a primeira delas!
*Artigo pot Diego Wagner, CEO do Siga o Rastro