quarta-feira, 18 de março de 2015

Você me magoou ou eu me deixei magoar?

por Professor Felipe de Souza | Dicas Práticas

Entenda a necessidade de passar a se responsabilizar pelos próprios sentimentos e deixar a posição de vítima das circunstâncias.
Olá amigos!
Em minha opinião, a psicologia deveria estar nas escolas. Em todas as escolas. Não como um suporte extra com o qual os alunos pudessem contar, mas em aulas frequentes. E nesse sentido não digo de estudar a fundo os autores, mas sim de possibilitar que o conhecimento mais prático da psicologia pudesse se tornar acessível e utilizado.
Na nossa cultura ocidental extrovertida, o bem e o mal vem de fora. A salvação vem de fora assim como de fora vem o problema. Por exemplo, é fácil culpar o governo por problemas econômicos enquanto o próprio sujeito não faz nada para se aperfeiçoar ou não sai de casa para procurar emprego.
No texto de hoje, gostaria de mostrar como um conhecimento simples da psicologia pode nos ajudar a ter e a manter mais felicidade e sentimentos positivos.
Você me magoou ou eu me deixei magoar?
Bernard Shaw, um fantástico escritor, disse certa vez: “As pessoas sempre culpam as circunstância por aquilo que são. Eu não acredito em circunstâncias. Quem se sai bem neste mundo são as pessoas que saem à procura das circunstâncias e, se não as encontram, criam-nas”.
Aqui poderíamos trocar a palavra circunstância por Fulano ou Ciclano, marido ou esposa, mãe ou pai, amigo ou conhecido. Teríamos então:
“As pessoas sempre culpam ELE/ELA por aquilo que são. Eu não acredito em NISSO. Quem se sai bem neste mundo não são as pessoas que saem à procura DE PESSOAS PARA CULPAR e sim as pessoas que se responsabilizam pelos próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos”.
Como também dizia uma grande pensadora, defensora dos direitos humanos e esposa do estadista Roosevelt, Eleanor Roosevelt:
“Ninguém pode fazer com que você se sinta inferior sem o seu consentimento”.
Por exemplo, se alguém vira para você e diz:
- “Como você é burro(a)”
- “Como você é estúpido(a)”
- “Como você está feio(a)”
etc…
Nós temos duas coisas: o comportamento da outra pessoa que disse algo e a resposta mental, emocional e comportamental de quem recebeu a mensagem. São duas coisas distintas.
Se alguém me diz – “Como você está feio(a)” eu posso:
- Concordar e aceitar e passar a me sentir feio(a);
- Discordar e não aceitar e continuar me sentido bem com minha aparência.
Por isso, só com o nosso próprio consentimento que podemos deixar a outra pessoa nos fazer mal. Porém, o que aprendemos no dia a dia é que a causa de nos sentirmos mal é o outro ou outra.
Por exemplo:
“Ele/ela me fez isso, por isso, estou mal”
“Ele/ela me falou isso, por isso, estou triste / estou com raiva / estou péssimo(a)…”


O que é péssimo, na verdade, é deixar que as outras pessoas influenciam tanto o nosso estado. Existe um espaço de escolha entre ouvir alguma coisa, entender o que se ouviu e acreditar ou não na informação passada. Se alguém vira para mim e me diz:
“Com você é ridículo, você tem 5 metros de altura” eu vou rir porque é uma mentira, certo?
Do mesmo modo, quando alguém nos ofende não temos que concordar com a sua opinião, nem mesmo adotá-la e fazer dela um mantra, uma repetição constante em nossa mente.
A questão então é: como mudar?
Em primeiro lugar, é fundamental reconhecer o processo. Atribuir culpa a alguém – por ter ficado com raiva, triste, com medo, sem chão, etc – é dar o poder de escolha para uma outra pessoa. Além disso, é um jeito de não se responsabilizar pela própria vida.
De modo que temos que entender o processo. Se estamos bem conosco mesmos, se estamos desenvolvendo a nossa auto estima de forma satisfatória, o que uma outra pessoa disser será tão somente a opinião de uma outra pessoa e nada mais.
Em segundo lugar, é preciso começar a observar como este processo de dizer “você me magooou” é extremamente rápido. Em questão de 10 segundos, podemos passar de uma circunstância externa desfavorável para um estado psíquico muito negativo.
Portanto, devemos passar a observar o que acontece entre:
1) uma circunstância externa desfavorável (alguém dizer ou fazer algo “contra”);
2) o pensamento de concordar ou discordar com o que foi ouvido ou aceito;
3) o sentimento negativo que surge a partir do pensamento
Muitas pessoas dizem que perceber isso é muito complicado. Alguns não conseguem perceber de fato que é isso o que ocorre dentro do seu psiquismo e apenas pensam em um arco reflexo:
- Algo ruim aconteceu fora = eu me sentir mal
Se é difícil para ti perceber como se dá este processo, pode ser útil fazer terapia com um profissional da psicologia.
E em terceiro lugar, é muito importante passar a se responsabilizar pelas suas escolhas. Evidente que muitas coisas não são escolhas nossas. Hoje, por exemplo, está chovendo aqui e eu até gostaria que não estivesse chovendo, já que vou caminhar. Entretanto, chover ou não chover não é da minha escolha.
Agora, por exemplo, nós temos escolha se vamos conviver com pessoas que são positivas e motivadoras ou se vamos conviver com pessoas que são negativas, pessimistas e críticas.
No fundo, no fundo, nós estamos aonde estamos devido a escolhas passadas. O futuro pode ser muito diferente. e poderá ser muito melhor, desde que passemos a perceber que nós temos a responsabilidade de viver a nossa própria vida e parar de culpar as outras pessoas pelo que sentimos.
Conclusão
No começo eu disse que a psicologia deveria ser ensinada nas escolas. Não vejo este cenário acontecer no futuro próximo. O que podemos fazer para sanar esta falta é passar a estudar mais os conhecimentos da psicologia que são úteis no dia a dia (o que chamamos aqui no site de “dicas práticas”) e a fazer terapia. Se você é pai ou mãe ou se em seu trabalho você lida diretamente com o ensino de outras pessoas, pequenas dicas como estas de hoje podem ajudar a transformar uma vida. Faça bom uso da psicologia! :)

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