terça-feira, 21 de junho de 2016

E agora? Estou perdendo a confiança de meu filho.

Uma criança tão amada, desejada, planejada – às vezes não, é verdade – vai se transformando num ser individual, aos poucos se desprendendo de nosso cuidado, experimentando a vida com seus próprios sentidos, intuindo seu papel nos espaços ainda pequenino. Muitos papais e mamães repetem a forma que foram educados e até exageram na rigidez sem perceber. Estes sentem mais a distância do filho amado com o passar do tempo. Confundindo cuidado com pujança, carinho com agrados esporádicos, sem perceber oprimimos nossos filhos exigindo caminhos que não seriam escolhidos por eles, se tivessem a liberdade de conversar com o papai e a mamãe quando esse tempo chegasse.

Filhos não vêm com manual de instruções. E por mais preparados que o papai e a mamãe estejam suas reações sempre nos surpreendem. Aquele bebezinho que depende tanto de nós cresce rápido e logo nos primeiros anos de vida já mostra traços de personalidade única.

Como em todo momento de decisão, é hora de aprender. Será que respeitei os caminhos que ele queria seguir? Fui rígido demais? Disse o quanto o amo? O quanto o amo...! Já lhe pedi desculpas por algum engano cometido em sua educação? Ouvi com respeito suas colocações individuais quando ele precisava se expor? Ah... como erramos por amor! Como podemos prejudicar quem tanto amamos? Pois, podemos. Com a melhor das intenções, às vezes com sacrifício imenso que achamos não reconhecido. Nosso filho é um ser único e precisa ser visto como tal. Não, realmente filhos não vêm com manual de instruções. Por isso, a única forma de ensinar e aprender com eles é a verdade. Sempre a verdade. Reconheça que tem dúvidas, que há momentos que não sabe o que fazer. Peça sua opinião, enxergue além do que imaginou para o seu bebê e veja a vida que ele próprio criou. Os laços serão eternos.

Quando nossos filhos passam a pensar por si, questionam tudo e todos.  Embora vá carregar para sempre nossa herança genética e emocional, raramente nosso “eterno bebê” compreenderá suas posições. Impulsos motivados por experiências a descobrir, a revolução dos hormônios, a adolescência e suas próprias inseguranças acabam por afastar nossos filhos do ambiente familiar. Os amigos passam a serem seus confidentes. Segredos guardados no quarto, escondidos de você papai, de você mamãe. Atitudes controversas e poucas palavras vão criando um abismo que tende a se aprofundar com o passar dos anos. “Meu filho, meu amado filho não confia em mim para dividir sua vida”.

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